A solicitação de convocação da arquiteta Beatriz Vendramini Fávaro, filha do ministro da Agricultura e Pecuária Carlos Fávaro (PSD), para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga ações do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), está sendo vista como uma possível retaliação da ala bolsonarista na Câmara dos deputados. Por este motivo, parlamentares alinhados ao presidente da República Lula (PT) tentam barrar a convocação da caçula da família Fávaro antes que ela seja aprovada.
Os deputados federais Dionilson Marcon (PT-RS), José Guimarães (PT-CE), Nilto Tatto (PT-SP) e o líder do PSD na Câmara, Antônio Brito (PSD-BA), estão articulando para que a convocação de Beatriza Fávaro seja reprovada. O requerimento deve ser votado pela CPI do MST nesta terça-feira (22).
A convocação para Beatriz prestar esclarecimentos foi protocolada pelo deputado federal bolsonarista Evair de Melo (Progressistas-ES), após o ministro confirmar que a filha ocupou terras públicas no município de Guarantã do Norte e tomou posse da Fazenda por usucapião, durante oitiva realizada na última quinta-feira (17). De acordo com o documento, após a participação de Fávaro na CPI, o ministro não apresentou informações suficientes para esclarecer as dúvidas dos membros da CPI do MST.
“Com efeito, esta CPI demanda a necessidade de maiores esclarecimentos sobre o assunto, porquanto que há dúvida sobre a forma em que a propriedade foi ocupada e adquirida, mormente que há indícios de irregularidades, ou seja, pairam imprecisões se a área foi objeto de grilagem. Portanto, se assim o for, são aproximadamente 900 hectares de apropriação indevida, irregular e clandestina, sendo oportuno destacar que para usucapião são necessários no mínimo 15 anos”, diz trecho do documento.