13/06/2023 às 10h35min - Atualizada em 14/06/2023 às 00h01min

Especialista da ONU para assuntos indígenas alerta para problemas no Marco Temporal

Em 7 de junho, o ministro André Mendonça pediu vista e adiou o julgamento do marco temporal. Se aprovada essa tese, os povos originários só poderão reivindicar a posse de áreas que já estivessem ocupando na data de promulgação da Constituição de 1988.

G1
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2023/06/13/especialista-da-onu-para-assuntos-indigenas-alerta-para-problemas-no-marco-temporal.ghtml


Em 7 de junho, o ministro André Mendonça pediu vista e adiou o julgamento do marco temporal. Se aprovada essa tese, os povos originários só poderão reivindicar a posse de áreas que já estivessem ocupando na data de promulgação da Constituição de 1988. Indígenas protestaram em Brasília contra o julgamento do marco temporal - foto de 7 de junho
REUTERS/Ueslei Marcelino
O relator especial da ONU sobre os direitos dos Povos Indígenas, José Francisco Calí Tzay, expressou nesta terça-feira (13) grande preocupação com o provável impacto negativo do marco temporal.

“O 'Marco Temporal' limita o reconhecimento da terra ancestral dos Povos Indígenas apenas às terras que eles ocupavam no dia da promulgação da constituição, 5 de outubro de 1988", escreveu o relator da ONU em nota.
Em 7 de junho, o ministro André Mendonça pediu vista (mais tempo para análise) e adiou o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) que deve decidir sobre a aplicação do marco temporal na demarcação de terras indígenas no país.
Se aprovada essa tese, os povos originários só poderão reivindicar a posse de áreas que já estivessem ocupando na data de promulgação da Constituição de 1988 - o caso tramita na justiça desde 2021.
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Na visão do relator da ONU, o marco temporal teria sido usado para anular processos administrativos de demarcação de terras indígenas, como no caso da Comunidade Guayaroka dos Povos Indígenas Guarani Kaiowa. Ele acredita que, se o projeto for aprovado, e todas as 1.393 Terras Indígenas brasileiras estarão "sob ameaça direta".
"(O marco temporal) foi contestado em diversas ocasiões por organismos internacionais, povos indígenas e defensores dos direitos humanos por desrespeitar o direito dos povos indígenas às terras das quais foram violentamente expulsos, particularmente entre 1945 e 1988 – um período de grande turbulência política e violações generalizadas dos direitos humanos em Brasil, incluindo a ditadura".
Francisco Calí Tzay pede então ao Supremo Tribunal Federal para que não aplique a referida doutrina no caso e decida em consonância com as normas internacionais existentes de Direitos dos Povos Indígenas.
"A adoção do marco temporal é contrária aos padrões internacionais. Espero que a decisão do Supremo Tribunal Federal esteja em consonância com os padrões internacionais de direitos humanos aplicáveis ​​e que proporcione a maior proteção possível aos Povos Indígenas do Brasil", escreveu o relator.
"Incito o Governo do Brasil a tomar todas as medidas para proteger os Povos Indígenas, suas culturas e tradições, de acordo com a Constituição Federal Brasileira e as obrigações internacionais de direitos humanos.”

do G1



Fonte: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2023/06/13/especialista-da-onu-para-assuntos-indigenas-alerta-para-problemas-no-marco-temporal.ghtml


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