O presidente do MDB em Mato Grosso, Carlos Bezerra, e a deputada estadual Janaina Riva, duas das principais lideranças do partido, rejeitaram nesta quinta-feira (24) a possibilidade de "punir" ou apurar administrativamente, por conta própria, a conduta do prefeito Manoel Loureiro, de Diamantino, gravado recebendo dinheiro de suposta propina. Ele foi alvo do Núcleo de Ações de Competências Originárias (Naco) após um empresário denunciar a suposta prática criminosa.
Segundo Bezerra, cacique do partido há 28 anos, a Comissão de Ética do MDB precisa ser "provocada" para que tome uma posição, ou seja, mesmo com a operação policial, Manoel só sofrerá uma consequência partidária se for denunciado por um correligionário. "Depende da investigação [policial]. Se alguém acionar a Comissão de Ética, ela se reunirá para falar sobre o assunto. Depende de alguém acionar. O [MDB] só vai se posicionar se alguém acioná-la", alegou.
Já Janaina, que se tornou crítica ferrenha do prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro - gravado colocando dinheiro de suposta propina no bolso do paletó - disse que o partido vai manter a coerência e não deverá julgar o prefeito pelo episódio. "Nunca abriu contra Emanuel, não vai fazer isso com nenhum outro prefeito. Não é do feitio do partido fazer isso [...] Dentro do partido não vai ter, nem contra ele [Manoel] e nem contra o Emanuel", disse.
Manoel esteve presente no Hotel Holliday Inn, em Cuiabá, para a eleição do Diretório Estadual, qque irá conduzir Bezerra para mais dois anos de presidência. Porém, o prefeito de Diamantino não quis falar com a imprensa. De acordo com Janaina, o correligionário está passando por um "momento difícil", mas que certamente esclarecerá os fatos para a população.
"Isso é algo que ele vai ter que fazer para a população de Diamantino, tem que fazer para a imprensa. Eu entendo que deve estar passando por um momento díficil, mas vai chegar a hora de vai ter que fazer [um pronunciamento], assim como Emanuel Pinheiro teve que fazer", ponderou.
"Toda operação, contra qualquer um que seja do partido, prejudica o partido. Não é só contra o Emanuel ou o Dr. Manoel. Se for contra qualquer deputado, todas [operações] prejudicam o partido. Isso é natural, as pessoas tentam aproximar e ligar a pessoa ao partido, mas o partido é composto de indíviduos. Ainda tem uma reunião para tratar sobre o tema, talvez seja tratado, mas não hoje. Hoje trouxemos todos para uma composição. Deixa a confusão para depois", acrescentou a parlamentar.
O caso Um vídeo anexado às investigações conduzidas pelo Naco, do Ministério Público Estadual (MPE), mostram o prefeito Manoel Loureiro Neto (MDB) contando notas de dinheiro que seriam de uma suposta propina recebida em seu gabinete.
Na decisão judicial que autorizou a operação, constam trocas de mensagens entre o empresário e o prefeito. Em uma delas, o gestor afirma que já realizou o pagamento de notas ao empresário e tenta agendar um encontro para receber o "documento" - momento no qual estaria se referindo à propina, que seria paga em espécie. Iniciamente, de maneira tímida, Manoel pedia ao empresário uma "ajuda de custo", porém, posteriormente, a situação teria evoluído até a cobrança de 10% sobre o valor de cada medição apresentada.