Congresso de Israel aprova lei para blindar o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, e multidão vai às ruas para protestar

A nova lei determina que o processo de remoção de um primeiro-ministro não vai ser mais uma atribuição do procurador-geral e da Justiça, mas, sim, do Parlamento. Protestos se intensificam em Israel, depois de lei que beneficia Netanyahu
A coalização de representantes governistas de Israel aprovou a primeira de uma série de novas leis que alteram o funcionamento da Justiça no país. Esse primeira lei aprovada, na prática, blinda o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de um processo judicial que poderia custar o cargo dele (veja mais abaixo).
No mesmo dia, manifestantes foram às ruas no país contra as mudanças que, eles afirmam, fazem com que o país se aproxime de um regime autoritário.

Os deputados aprovaram a nova lei por 61 votos contra 47.
Em Tel Aviv, polícia usa canhões de água contra manifestantes, em 23 de março de 2023
Nir Elias/Reuters
LEIA TAMBÉM
Sandra Cohen: Netanyahu direciona Israel para uma tempestade perfeita
Israelenses iniciam o 'dia da resistência' contra medidas autoritárias do premiê Benjamin Netanyahu
Netanyahu blindado
A nova lei determina que o processo de remoção de um primeiro-ministro não vai ser mais uma atribuição do procurador-geral e da Justiça, mas, sim, do Parlamento.
Além disso, o chefe do Executivo só pode ser declarado inapto em caso de incapacidade física ou mental.
Com as novas regras, o líder do país, Benjamin Netanyahu, não pode ser expulso do cargo em decorrência do processo por corrupção em que ele está sendo julgado.
Os críticos dizem que a lei ainda dá incentivo para a corrupção.
Protestos pelo país
Os protestos aconteceram por todo o país. Nas cidades e nas rodovias houve bloqueio de tráfego e confronto com a polícia, que usou canhões de água para dispersar os manifestantes.
Também houve confrontos com apoiadores de Netanyahu.
Durante as manifestações contra a reforma, cerca de dez manifestantes foram detidos por perturbar a ordem pública em Tel Aviv, segundo a polícia;
Milhares de pessoas se reuniram em Jerusalém do lado de fora da residência de Netanyahu, segundo a mídia israelense;
Outros protestos menores foram registrados em Haifa e em Beer Sheva.
Depois dos protestos, Netanyahu fez um discurso no qual prometeu, de forma vaga, acalmar a nação e respeitar todas as opiniões (ele disse que é preciso procurar um consenso e que está “trabalhando para chegar a uma solução”).
As mudanças legais dividiram a nação entre aqueles que veem as novas políticas como um enfraquecimento dos ideais democráticos de Israel e aqueles que pensam que o país foi dominado pelo poder judiciário.
Essa é uma das maiores crises domésticas de Israel.

do G1

Fonte: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2023/03/23/congresso-de-israel-aprova-lei-para-blindar-o-primeiro-ministro-benjamin-netanyahu-e-multidao-vai-as-ruas-para-protestar.ghtml